Numa altura em que os perigos e desafios associados à Inteligência Artificial estão, mais do que nunca, a preocupar especialistas, a tecnologia deu mais um passo. Prepare-se, pois agora a Inteligência Artificial já é capaz de copiar a sua escrita à mão.
Por entre todas as coisas incríveis que um ser humano consegue fazer, com base na sua racionalidade, há poucas coisas que a Inteligência Artificial não consiga copiar. E agora há menos uma – a capacidade de escrever à mão.
Algo que, até há bem pouco tempo, era não só uma forma de comunicação mas também uma forma de identificação, já que cada ser humano tem a sua própria caligrafia.
Mas já não será mais assim, com a tecnologia desenvolvida por um grupo de investigadores da Universidade de Abu Dhabi, que criou um nova ferramenta de IA capaz de copiar de uma forma bastante aproximada a caligrafia de uma pessoa.
Os cientistas afirmam que o modelo construído assenta numa rede neuronal que necessita apenas de alguns parágrafos escrito à mão para treinar a sua capacidade de os reproduzir.
“A maioria das pessoas não consegue distinguir a caligrafia imitada da caligrafia real. Foi muito gratificante perceber que conseguimos atingir um nível de validação e desempenho tão elevados”, afirma Salman Khan, investigador que liderou o projeto, num comunicado de imprensa.
O software, designado por “My Text in your Handwritting”, foi capaz de reconhecer e reproduzir a caligrafia de personalidades como Abraham Lincoln e Frida Kahlo.
A Inteligência Artificial já tinha provado ser capaz de copiar vozes e de criar imagens do zero. É evidente que a caligrafia seria o seu próximo objetivo.
Neste momento, o modelo está principalmente focado em imitar a escrita em inglês, pelo que os restantes idiomas ainda terão de esperar. A ferramenta, cuja patente foi obtida há pouco tempo, ainda não está disponível ao público.
Apesar do avanço científico inquestionável, o grupo de investigadores reconhece o potencial negativo desta ferramenta, já que a mesma pode ser utilizada, por exemplo, para falsificar documentos.
“Somos bastante cautelosos e temos a perfeita noção de que este conhecimento pode ser mal utilizado”, diz o investigador Rao Mugammad Anwer.
“A caligrafia representa a identidade de uma pessoa e, por isso, estamos a pensar em formas razoáveis e cuidadosas para implementar esta ferramenta na sociedade”, acrescenta.
Os investigadores afirmam ainda que esta ferramenta de Inteligência Artificial pode ser utilizada no futuro para evitar falsificações, reconhecer padrões de escrita e até para interpretar escrita de difícil leitura. Esta ferramenta poderá também ser uma ajuda para indivíduos com incapacidades físicas no que toca à escrita.
(Patrícia Carvalho, ZAP )