Quantas espécies de insetos vivem na Floresta Amazônica?

By | 31/08/2023

Cientistas empregarão uma variedade de métodos para realizar o sequenciamento do DNA das espécies de insetos presentes na Floresta Amazônica.

A Floresta Amazônica abrange uma vasta área no noroeste do Brasil e se estende para países como Colômbia, Peru e outros da América do Sul, sendo reconhecida como a maior floresta tropical global, renomada por sua rica biodiversidade. A diversidade de espécies animais na região ainda permanece em grande parte desconhecida, motivando pesquisadores a empreenderem um esforço para mapear a variedade de insetos que habitam esse ecossistema.

Calculando a Diversidade de Insetos na Floresta Amazônica: Explorando as Técnicas e Desafios

A rica biodiversidade da floresta amazônica continua a intrigar os cientistas, e agora um grupo de pesquisadores está se dedicando a um desafio complexo: quantificar a variedade de insetos que habitam essa vasta e exuberante paisagem. Para alcançar esse objetivo ambicioso, os especialistas estão empregando uma variedade de técnicas que abrangem desde a exploração do solo até as alturas das copas das árvores mais altas.

Uma ferramenta essencial nesse empreendimento é um laboratório equipado para sequenciar o DNA das diversas espécies encontradas. Os insetos, conhecidos por possuírem a maior diversidade entre todos os animais do planeta, têm sido um enigma em termos de quantificação precisa. O biólogo Dalton de Souza Amorim, líder do projeto de pesquisa na USP, destaca que, mesmo em outras partes do mundo, a tarefa de calcular essa diversidade tem sido evasiva, com inferências construídas com base em premissas que muitas vezes se mostram equivocadas.

Essa empreitada ganha ainda mais relevância quando observamos exemplos de outras regiões, como a Costa Rica, onde uma pesquisa se limitou a coletar informações do solo e ainda assim projetou a existência de 8 mil espécies de moscas em dois hectares de floresta tropical. No entanto, os cientistas da USP acreditam que o número real de espécies de insetos na Amazônia pode ultrapassar 20 mil, ressaltando a complexidade e riqueza da região.

Um estudo prévio conduzido por Amorim e sua equipe revelou que 60% da diversidade da fauna amazônica não é encontrada no nível do solo, mas sim em outras altitudes. Essa descoberta enfatiza a importância de compreender a verdadeira dimensão da biodiversidade da floresta, não apenas para a ciência, mas também para a conscientização pública.

As descobertas esperadas desse projeto oferecerão insights valiosos sobre a sazonalidade das espécies de insetos na Amazônia, permitindo uma visão detalhada de como suas populações variam ao longo do ano. Com coletas planejadas em diferentes meses, os pesquisadores têm como objetivo capturar nuances que antes eram desconhecidas. Além disso, a comparação da biodiversidade em diferentes partes da Amazônia, incluindo margens de rios como o Negro e o Amazonas, proporcionará um entendimento abrangente de como as espécies se adaptam a diferentes ambientes.

Tais esforços não estão isolados, mas sim parte de um projeto mais amplo abrangendo várias regiões da Amazônia, dentro do novo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT). Este instituto visa aprofundar o estudo da biodiversidade nos principais divisores de água da Amazônia, refletindo o compromisso em compreender e preservar a incrível diversidade dessa região vital para nosso planeta.

Análise Profunda do DNA: Explorando a Diversidade dos Insetos

O processo de análise das amostras de DNA encontradas na floresta amazônica envolve uma abordagem minuciosa e abrangente, que se estenderá ao longo de um período de 14 meses. Os pesquisadores não estão limitados a uma única técnica de coleta, mas sim empregam uma variedade de métodos para capturar uma gama diversificada de espécies.

Além das armadilhas de interceptação de voo, outras estratégias são utilizadas para coletar os insetos. Alguns habitam os pequenos reservatórios formados no centro das bromélias, acumulando água das chuvas. Estes insetos não são capturados pelas armadilhas convencionais, exigindo uma abordagem mais elaborada. Para coletá-los, a equipe precisa subir a alturas de até 25 metros nas copas das árvores. Outros insetos podem ser encontrados no meio de folhas acumuladas no solo ou nos igarapés. A variedade de habitats requer o uso de diversas técnicas adicionais para assegurar uma representação abrangente das espécies.

A etapa seguinte ocorre no laboratório de biologia molecular, onde as amostras coletadas serão submetidas ao sequenciamento genético. Esta tarefa complexa é realizada por uma equipe multidisciplinar que abrange diversos campos da biologia, como taxonomia, ecologia, sistemática molecular, bioinformática e biologia evolutiva. A colaboração entre especialistas de diferentes áreas é fundamental para garantir a precisão e a abrangência da análise.

Essa abordagem holística e meticulosa não apenas nos permitirá compreender melhor a incrível diversidade dos insetos amazônicos, mas também fornecerá insights valiosos sobre seus habitats e comportamentos únicos. Por meio desse esforço coordenado, os cientistas estão explorando as profundezas da floresta tropical, revelando as intrincadas conexões que sustentam esse ecossistema exuberante.

(Engenhariae)